[Câncer de Colo do Útero] Josilene Ribeiro Ferreira

Aprendendo com Você

• Essa entrevista foi preenchida em 05/08/2015

• Instituto Oncoguia - Quem é você? (idade, profissão, tem filhos, casada, cidade e estado?) Josilene - Tenho 34 anos, 4 filhos e no momento não trabalho, recebo pequeno auxílio do INSS. Há 3 meses, me casei e moro em Mogi das Cruzes, estado de São Paulo.
• Instituto Oncoguia - Como foi que você descobriu que estava com câncer? Josilene - Foi depois da minha ultima gravidez. Tive minha bebê de seis meses, achei que ela só estivesse com pressa de nascer, mas foi passando os meses e comecei a sentir dores na barriga, pontadas por baixo... Quando ia me sentar minha barriga começou a inchar muito e fazer barulhos altíssimos como se fosse gases. Procurei um medico na emergência de um hospital e só me davam remédios para dor e mandavam embora. Fui piorando ao ponto de não conseguir pegar mais minha bebe no colo, pois minha barriga ficou muito dolorida. Na época, minha neném tava com 6 meses, mas fui internada, fiquei 2 meses no hospital e passei por uma laparotomia exploradora. Assim que descobri o câncer, me deram 6 meses de vida.
• Instituto Oncoguia - Você apresentou sinais e sintomas do câncer? Quais? Josilene - Não sei explicar direito.
• Instituto Oncoguia - Quais dificuldades você enfrentou para fechar o seu diagnóstico? Josilene - Maior dificuldade foi o hospital publico, porque eu ia com dores horríveis e não faziam exames, só davam remédios para dor e mandavam embora. Foi preciso chegar quase morta para me internarem e procurar o problema.
• Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico? O que sentiu? No que pensou? Josilene - Fiquei arrasada. Pedia a Deus pra não ser verdade aquilo que tava acontecendo comigo... Senti uma tristeza muito grande, quase entrei em depressão. Pensei que iria morrer e deixar meus filhos, só pensava neles e em meu marido.
• Instituto Oncoguia - Qual foi a sua maior preocupação neste momento? Josilene - Morrer e deixar meus filhos pequenos, o que eles iriam fazer sem mim?
• Instituto Oncoguia - Você já começou o tratamento? Em que parte do tratamento você se encontra nesse momento? Se já finalizou, conte-nos um pouco sobre como foi enfrentar todos os tratamentos? Josilene - Ainda estou em tratamento. No momento, não estou fazendo quimioterapia, mas to fazendo tomografia de dois em dois meses e exames de sangue também, porque ainda vou passar por mais uma cirurgia tenho que tirar o rim direito que tem apenas 2% de funcionamento e tem doído muito. Tenho que fazer a reversão porque uso bolsinha no lado esquerdo e a retirada de uma massa no ureter direito. Não sei explicar direto, me desculpem.
• Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual é o tratamento mais difícil? Por quê? Josilene - No meu caso foi a ressonância. Não consegui fazer, pois tenho problema com lugares apertados - na verdade pânico - e não pude fazer sedada porque tenho tatuagem. Em segundo lugar, a dor no braço, que depois da quimioterapia dói demais.
• Instituto Oncoguia - Você sentiu algum efeito colateral diante ao tratamento? Como lidou com isso? O que te ajudou? Josilene - Quando comecei a fazer a quimioterapia a única reação que tive foi a dor no braço mesmo, sem náuseas, aftas na boca e comia de tudo. Depois, fiquei um tempinho sem fazer  tratamento e quando comecei, passei muito mau. Senti muito enjoo, não conseguia comer e tive que interromper o tratamento porque peguei três infecções urinárias diferentes. Fiquei três dias na UTI.
• Instituto Oncoguia - Como foi/é a sua relação com seu médico oncologista? Josilene - Meu medico oncologista é um amor, muito atencioso e me acalma quando to aflita. Um anjo...
• Instituto Oncoguia - Você se relacionou com outros profissionais? Se sim, quais e por quê? Josilene - Passo também com o urologista por causa do rim e também passo com o cirurgião do aparelho digestivo por causa da bolsinha de colostomia.
• Instituto Oncoguia - Você fez ou faz acompanhamento psicológico? Se sim, conte-nos um pouco sobre a importância desse profissional nessa fase da sua vida. Josilene - Não faço acompanhamento psicológico, mas sinto falta porque as vezes preciso conversar e tirar algumas duvidas que ficam martelando minha cabeça. É muito difícil lidar com tudo isso, sei lá.
• Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje? Josilene - Minha vida hoje está bem, na medida do possível. Estou viva e lutando, tentando aproveitar o máximo da minha família.
• Instituto Oncoguia - Você continua trabalhando ou parou por causa do câncer? Josilene - Parei de trabalhar porque sou ajudante de cozinha e não consegui continuar pela dor no braço causada pela químio e o cheiro de tempero que atrapalhava um pouquinho.
• Instituto Oncoguia - Você buscou seus direitos? Se sim, quais? Josilene - Alguns sim. Sei que tenho mais direitos, mas não sei como fazer conseguir o auxílio do INSS e a passagem de ônibus. Sei que tem mais coisas, mas não sei por onde começar...
• Instituto Oncoguia - Quais são seus projetos para o futuro? Josilene - Não sei, como sempre digo "O meu futuro a Deus pertence".
• Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje? Josilene - Não tenha medo, lute mas lute com fé e não deixe que ninguém tenha pena de você e sim respeito, sempre. Fique de cabeça erguida, só pense que tudo irá dar certo.
• Instituto Oncoguia - Como você conheceu o Oncoguia? Josilene - Tava olhando o face e recebi um convite para conhecer esse trabalho. Amei, sempre quis compartilhar com alguém minha historia. Resumi bastante porque a historia é longa. hahaha
  
• Instituto Oncoguia - Você tem alguma sugestão a nos dar? Josilene - Acho que não.
  
• Instituto Oncoguia - O que você acha que deveria ser feito para melhorar a situação do câncer no Brasil? Deixe um recado para os políticos brasileiros! Josilene - Acho que ao invés do Papanicolau uma vez por ano deveria ter ressonância de graça para mulherada uma vez por ano. Porque fiz tudo sempre tão certinho, mas o Papanicolau não me ajudou em nada. Fica a dica.