[] [CÂNCER DE MAMA] Tânia Castro

Aprendendo com Você
  • Tânia Castro, diagnosticada com câncer de mama, nos enviou este depoimento a fim de dividir sua experiência e, quem sabe, ajudar outras pessoas que estejam passando pela mesma experiência.

    Leia abaixo a história de Tânia Castro.

    Meu nome é Tânia S. Vieira Castro, sou professora de história do ensino médio na rede estadual de MG, gosto de ler, viajar, ir ao cinema, ouvir música, etc. Tenho 48 anos, três filhos com idades de 20, 10 e 8 anos e há 4 anos descobri que estava com câncer de mama.

    Descobri o câncer durante uma pesquisa na internet para um projeto sobre a mulher com uma turma de EJA. Propus o projeto para comemorar o dia da mulher aos meus colegas e cada um iria trabalhar um aspecto, de acordo com a sua disciplina cada professor iria escolher uma turma para desenvolver o trabalho, no meu caso, iria trabalhar com O PAPEL DA MULHER NAS REVOLUÇÕES, porém, minha colega de Biologia que iria trabalhar A SAÚDE DA MULHER estava sem tempo, a turma me pediu que os ajudassem. Devido ao tempo propus que pesquisássemos sobre o câncer de mama e de colo de útero, depois de uma pesquisa sobre auto exame comecei a fazer quase que automaticamente, e, para minha surpresa, encontrei um carocinho do tamanho de um grão de milho de pipoca.

    Chamei meu marido e mostrei, ele ligou para minha ginecologista que nos tranquilizou, pois os meus exames estavam em dia, tinha parado de amentar há pouco mais de um ano e feito minha primeira mamografia em julho de 2009 e estava tudo bem, mesmo assim ela queria me ver na 2ª feira pela manhã. Ela me examinou e passou todos os exames que teria fazer (nova mamografia, ultrassom das mamas, exames de laboratório, etc). Durante a ultrassonografia o médico sugeriu que fizéssemos uma biópsia, concordei e ele fez uma punção com uma agulha grossa, o resultado saiu uma semana depois e confirmou, eu estava com um Carcinoma Ductal Invasor. 

    Graças a Deus e a Doutora Sandra, o meu diagnóstico foi rápido e eu estava preparada, não me assustei, a família se assustou mais. Pensei, tenho que ser forte pois tenho muitos motivos para viver. Quando cheguei ao mastologista estava com todos os exames prontos. Meu plano de tratamento foi completo com cirurgia (retirada do quadrante pois o tumor estava pouco acima do mamilo), 20 sessões de quimioterapia sendo 4 vermelha e 16 brancas e 33 sessões de radioterapia. Fiz  a cirurgia dia 09/06/2010 e um mês depois descobri que tinha fazer o esvaziamento axilar, fiz no dia 13/08/2010 e logo depois comecei a fazer fisioterapia, a qual tive alta no ano passado. Além de todo o tratamento que fiz, faço uso de Tamoxifeno (durante 5 anos). 
    O tratamento foi mais "leve" do que pensei, não tive efeitos colaterais durante a quimio, durante a rádio perde o paladar e só conseguia comer alimentos que tinha amido de milho e muito suco verde, mesmo sem vontade me alimentava da melhor maneira possível. Fiz  a cirurgia, a quimioterapia e faço acompanhamento pelo SUS (no Hospital das Clínicas em BH). A radioterapia e os exames no IPSEMG (Hospital dos Servidores Públicos de MG). 

    Quando meu oncologista me perguntou se queria ser encaminhada para um acompanhamento psicológico, dispensei e brinquei: Para mim um câncer já está de bom tamanho, não quero e não vou desenvolver uma depressão! Porém, se qualquer momento da minha vida achar que tenho necessidade, vou procurar com certeza. Não precisei de acompanhamento de nutricionista pois desde que decidi engravidar do meu primeiro filho, que hoje está com 20 anos, mudei minha alimentação, não tomo nem refrigerantes, nunca fumei, evito alimentos industrializados ... Durante o período de amamentação dos meus filhos evitei doces, chocolates, etc.

    Voltei a trabalhar um ano meio depois (em ajustamento funcional, ou seja, estou fora de sala), levo uma vida normal, nem me lembro que tive câncer. De tudo que passei, o que me fazia não desanimar e seguir em frente foram a minha família e meus amigos, antigos e novos, pois durante o tratamento fiz novos amigos que me ajudaram muito, me deram força através de mensagens, pegavam minhas filhas na escola, pessoas que até então eram apenas colegas de trabalho e/ou mãe das coleguinhas das minhas filhas se tornaram grandes e queridos amigos. Me considero uma pessoa de sorte pois tive e estou tendo acompanhamento de profissionais maravilhosos do SUS, que até então só ouvia reclamações, e do IPSEMG, sei que o grande problema das pessoas é a demora no diagnóstico pois os exames demoram devido ao sucateamento da saúde, aparelhos obsoletos, insuficientes, etc. Conheci mulheres que esperaram mais de 6 meses para marcar uma consulta, 6 meses para marcar uma mamografia que tinha que interromper o tratamento porque os equipamentos estavam quebrados, etc.

    Portanto, meu recado para os políticos é que criem projetos que integre saúde e educação, pois a informação é primordial para não só para evitar e curar o câncer, mas qualquer outra doença. Pois não estava no grupo de risco e fui a primeira, e, espero ser a única da minha família a ter câncer. Tive meu primeiro filho aos 28 anos, a segunda aos 38 e a última aos quarenta, todos de parto normal por exigência minha, os amamentei até 2 anos, visitava o ginecologista e fazia todos os exames anuais, etc. É preciso diminuir a burocracia, fazer o dinheiro da saúde chegar onde é realmente necessário e sobretudo, desenvolver políticas para valorização dos profissionais da saúde.

    Meu conselho é: Força! Receber um diagnóstico de câncer não é mais receber uma sentença de morte! Busque apoio em quem te ame, saia, vá passear, faça novos amigos, sorria, a vida é linda e a doença nos transforma em pessoa melhor.
Multimídia

Acesse a galeria do TV Oncoguia e Biblioteca

Folhetos

Diferentes materiais educativos para download

Doações

Faça você também parte desta batalha

Cadastro

Mantenha-se conectado ao nosso trabalho